sábado, novembro 01, 2003

A mãe de todos os terramotos

Apenas 248 anos depois (uma migalha, em tempo geológico), surge uma nova explicação para o maior sismo de sempre na Europa, o terramoto de 1755, o tal que devastou Lisboa e muitas outras zonas do país.

Até agora, considerava-se que teria ocorrido um sismo violento, com um maremoto a invadir Lisboa e a destruir boa parte da costa entre o Cascais e o Algarve. Piorando ainda mais a situação deflagrou um gigantesco incêndio que durou 2 dias, arrasando a zona que é hoje ocupada pela Baixa Pombalina. No entanto, muitas dúvidas continuavam a ocupar a mente dos interessados pela matéria. Onde ocorreu o epicentro do sismo? Como fazer a interpretação dos contraditórios relatos conhecidos?

Agora, uma equipa de cientistas do Instituto Superior Técnico propõe uma nova explicação para o sismo de 1755, tendo-a publicado esta semana na revista norte-americana "Bulletin of the Seismological Society of America".
Assim, esta equipa, liderada pelo sismólogo João Fonseca, afirma que teriam existido dois sismos praticamente simultâneos, em que um teria tido origem no banco de Gorringe, no Oceano Atlântico e a 350 kM de Lisboa, atingindo uma magnitude de 8,5 na escala de Richter, e um outro, com magnitude de 6,5 a 7,0 na mesma escala, que teria sido provocado pelo primeiro, e que teria ocorrido na Falha do Vale Inferior do Tejo. Segundo estes cientistas "O primeiro sismo terá induzido a ruptura de uma falha que foi responsável pelas intensidades extremas sentidas nesta zona".