sexta-feira, agosto 08, 2003

Como uma onda no mar

Lembram-se da "onda gigante" do Algarve, a 23 de Agosto de 1999? Pois é, aquela que não chegou a ser! Lembram-se do pânico? Pessoas a fugir das praias e das esplanadas, relatos de que barcos ao largo teriam sentido uma onda com 7 ou 10 metros de altura, etc... Pois! Eu estava a ver essas notícias e a rir que nem um perdido. Não que não seja possível acontecer uma tragédia dessas, mas não com estas características. Aliás, apesar das pessoas associarem muitas vezes o sismo de 1755 apenas à cidade de Lisboa, a zona mais afectada foi mesmo a costa algarvia, com ondas de mais de 11 metros de altura. Já em 1722, uma outra onda de maremoto tinha atingido, sobretudo, a cidade de Tavira, arrasando-a quase por completo.

As ondas provocadas por maremotos (sismos ocorridos por movimentos crustais no oceano), apesar de possuirem comprimento que pode atingir os 200 km apresentam amplitude inferior a 1 metro (nunca seriam sentidas pelos barcos ao largo do modo que correu nesse dia). O seu efeito destruidor é consequência da sua velocidade de propagação, que pode atingir 700 a 900 Km/h. Quando, ao aproximar-se da costa, a cota de mar sobe, o tsunami poderá, aí sim, gerar ondas consideráveis, com mais de 50 m de altura, propagando-se por vastas extensões para o interior.

Um conselho: quando vir a água do mar desaparecer de onde costuma estar, aí sim, pode preocupar-se. Devido ao equilíbrio dinâmico da zona de praia, antes de uma onda de maremoto atingir a costa, o mar "desaparece" deixando a seco uma vasta extensão de plataforma continental. O intervalo de tempo entre este prenúncio e a chegada da onda pode variar entre alguns minutos e uma ou duas horas.